terça-feira, 19 de agosto de 2008

Parte três: Nádia e Roberto.

- Amor a pizza chegou.
- É eu escutei a campainha.
- Tá esfriando.
- É eu sei, pega lá.
- Mas amor eu to vendo o jogo.
- E eu estou pondo a mesa. Roberto, você poderia, por gentileza, pegar a pizza pra mim?
- Querida, tá no final e eu...
- Agora!
- Mas o Davilson tá quase.
- Roberto, eu juro que se vc não levantar sua bunda do sofá eu acerto esse prato na sua cabeça.
- Amor, o prato doi.
- É, eu sei, vai ou não?
- Tá bom querida, onde está o dinheiro?
- Na sua carteira, óbvio!
- Eu que vou pagar?!
- É lógico.
- Mas eu paguei a conta do almoço de ontem!
- Roberrrrtô...
- Tá bom querida, deixa que eu pago, sempre eu que paga mesmo.
- Tá bom, eu pago seu mão-de-vaca. A Lisa que tem razão.
- Eu não sou mão-de-vaca e a Lisa não é paga pra ter razão.
- Fica aí vendo o Davison fazer o gol do milênio, eu pago a pizza.
- Querida, larga o prato que eu vou.
- Ah! O prato, toma aqui ó!
- Seu louca, esse prato foi presente...
- Ai meu deus! Eu te odeio sabia? Você é tão... Oi, tudo bem? Quanto é?
- R$17,25 mais gorjeta.
- Aqui meu filho, pode ficar com o troco.
- Amor, pra que tantos talheres?
- Talhares são ultilizados em refeições querido, você não sabia disso?
- Ah não... você não espera que eu coma pizza com talheres, né?
- Lógico que sim.
- Mas amor...
- Ah tá, você não espera que eu coma com as minhas mãos?
- Deixa pra lá, vou lavar as minhas mãos.
- Roberto, que feio. Que coisa de criança, olhe só você.
- É não amor, é lindo! Liberdade U-hu!
- Roberto!
- Nádia! Liberdade!
- Isso não tem graça.
- Claro que tem, pizza só tem graça quando comemos com a mão!
- Eu não vou comer.
- Come! O gosto é bem melhor. Eu garanto.
- Roberto!
- Nádia, querida!
- Você sempre come com a mão?
- Sempre comi sim.
- Então como sabe que é melhor?
- Porque... Porque...
- Te peguei! Coma de talheres, que eu como com as mãos.
- Tudo certo então, lave suas mãos.
- Roberto o que eu não faço por você hein?
- De que é a pizza querida?
- Peperonni, sua favorita.
- Noooossa, tem certeza que eu não posso comer com as mãos?
- É a condição amor.
- Odeio esses sachês de maionese.
- Porque?
- Porque? Nunca consigo abri-los.
- Me dê aqui, deixa eu tentar.
- Mas você não vai conseguir.
- Claro que vou, um simples sachê não pode parar Nádia!
- Dúvido você abrir!
- Quer apostar?
- Lógico! Só não pode usar a faca.
- Fechado! Quanto?
- Vintão.
- Fechado. vão ser os 20 reais mais fáceis de toda a minha vida.
- Quero só ver
- É só eu encaixar os dedos assim...
- Assim é?
- É que tá um pouco dificil...
- Dificil é?
- E eu não tenho forças nos dedos.
- Não consegue npe?
- Consigo sim, questão de honra.
- Honra?
- É sim.
- Você não consegue.
- Eu tô quase lá.
- Amor...
- Roberto, me deixa.
- Amor...
- Roberto!
- Nádia!
- O que é?
- Eu te amo.
-
-Vamos comer?
- Podemos comer sem talheres se você quiser.
- Podemos comer com talheres se você quiser.
- Deixa que eu mesmo abro a maionese.
- Odeio maionese.
- Desde quando?
- Desde agora. Nunca mais como maionese na minha vida.
- É só uma questão de técnica.
- Dúvido que você não consegue!
- Aposta mais vintão?
- Vintão!
- Consegui, sem a boca.
- Nossa, vou odiar sachês de tudo agora, pra sempre.
- Vamos ver na frente da Televisão?
- Roberto, o jogo de novo?
- Não amor, seu filme favorito vai começar agora.
- Rios de Lágrimas?
- Isso amor.
- Vamos.

4 comentários:

Rilke disse...

E desde quando a Nádia sabe que a Lisa tem razão?

Rilke disse...

E desde quando a Nádia sabe que a Lisa tem razão?

Bell Bastos disse...

A-mei o diálogo.

Essa declaração de amor do Roberto pela Nádia foi a melhor que eu já vi na vida.

Lindo.

Bruna disse...

quero um namorado ridiculo e romantico como esse tal Roberto.