segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia normal.

Dia normal, absolutamente diferente de tudo o que eu experimentei na minha vida. De repente, as pessoas deram seus falsos sorrisos, e eu acreditei. Eu sentia falta dos sorrisos, mas eles voltaram, ainda que diferentes não deixaram de ser sorrisos. Dizem que é normal sorrir por educação. Pois esse dia foi normal, absolutamente normal. Todos disseram que estavam ótimos, sem problemas e felizes com seus sorrisos amarelos. Eu acreditei e me calei: somente porque eu não saberia dizer se eu também estava tão bem quanto eles.E por estar tão feliz quanto quem sorri desse jeito, eu descobri que por um dia, eu fui normal. Eu também estava ótimo, sem nenhum problema, muito feliz, e com um sorriso sincero disfarçado de amarelo. Era isso então: congelar uma aparência feliz em um corpo sem vida e fingir que você ganhou na mega sena. Eu não acordo de mal humor, e eu definitivamente não sou muito diferente de todo mundo, logo eu sou um grande e estúpido ser diferente, que é normal apenas por ser diferente.Se hoje for um dia normal, eu não sei mais se meu sorriso sincero vale a pena. Talvez seja por isso que eu sempre sorrio demais por tudo, no fundo eu me acho diferente por desejar infinitamente um bom dia pra que precisa ouvir isso. Mas acima de tudo, eu me sinto bem e desejar coisas boas para quem eu nunca mais vou ver, eu acho que realmente faza diferença.

Aquele tal de ursinho amarelo.

Hoje eu olhei pra uma parede amarela cheia de bolinhas. Tinha uma porta preta no meio e um relogio branco ao lado direito. A porta não trancava. Uma cadeira cheia de roupas amassadas funcionava como tranca, cadeado. Não que eu precisasse; ninguém, veja bem, ninguém, entra no meu quarto sem bater. Não é uma regra. É uma cuidado que os outros precisam ter comigo. Dae eu pisquei e a parede era azul clara desbotada. A porta quebrada era de outra cor, não havia relógio e o objeto que impediam os outros de entrar dentro de mim era um pesado movel de madeira cheio de lembranças do passado e baratas. E tudo voltou a ser... amarelo; com bolinhas. Virei minha cabeça pra esquerda e a luz da televisão me despertou do sonho. Tão lindo =) Só faltava a cortina pra cobrir lindamente a janela que, na parede branca, se manifestava sempre fechada. Mais ao lado, o computador, em sua mesa, com seus equipamentos e aquela luminária vermelha antiga. Olho para a direita e vejo a instante, cheia de livros. Cheia de dvds, de revistas, de cds, de apostilas e pelucias e caixas com mais caixas dentro. Dentro de uma delas há um pequeno bicho de pelucia enjaulado ferozmente; ainda assim, confio que ele sorri como antigamente um dia sorriu no calor do dia, no frio do vento da tarde nada casual que acontecia naquele quarto de paredes brancas. Haviam roupas intimas, listas, juras de amor, a Julieta e o Romeu. Havia fotos! Havia aquele pedaço de mim que outrora povoava as paredes brancas mas que hj permanecer em uma bela caixa de esfiha.