segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O dia do finado:

Ontem foi o dia dos finados e eu fui, inocente, ao Shopping. Me esqueci de celebrar o finado-eu, que morreu em algum tempo do passado. Não sinto a mínima saudade dele. O que eu era hoje não me cativa, não me faz falta e não me implica relevância. Só me sinto incomodado em saber que em algum lugar de dentro de mim, aquela pessoa inocente morreu e nem teve a chance de viver. Eu não vou me velar no dia em que posso ir ao Shopping, gastar dinheiro e ter a diversão sincera que qualquer finado queria ter. Não vou desperdiçar tempo com alguém que está mais que feliz por estar morto. Deixa ele descansar em paz no fim do mundo, de onde eu sai, e pra onde várias vezes eu tentei voltar, sem êxito. Eu fui ver filme, e senti a falta de uma mão pra eu apertar quando os sustos chegaram. Eu fui ver filme, e senti a falta de um ombro pra esconder a minha falsa cara de medo. Eu fui ver filme, mas eu senti medo de sentar sozinho e estar cercado de gente que também estava sozinha, e que fingia estar acompanhada. Eu fui ver filme, mas eu me senti mal, por não ter ido antes comigo mesmo. Pois eu estava lá, mas me ignorei e morri. Não me sentia a vontade sabendo que dentro de mim, alguém não teve a chance de ser feliz. Foi então quando o filme acabou e eu permaneci olhando para as poltronas, imaginando quantas pessoas que morreram sentaram nelas; e quantas delas riram nas comédias, choraram nos dramas, e sentiram o medo dos filmes de terror, exatamente como eu fizera momentos antes. Me lembrei do dia da minha morte. Acontecera anos atrás; e o mais estranho de tudo, é que eu morri exatamente naquela sala de cinema, na última cadeira da direita e que por algum motivo, eu estava lá, quase morrendo de saudades de mim, discretamente chorando, me maldizendo por deixar-me morrer tão rapidamente. Em luto, eu permanecia sentado ali. Aquela cadeira tornara-se meu túmulo silencioso e por apenas um dia de domingo todo aquele Shopping se transformava-se o meu cemitério.

7 comentários:

Era uma vez...... disse...

filmes malditos?
de vez enquando....
vc???
humrum...
são seus os textos?

Era uma vez...... disse...

hummmm.....
q massa!!!
ñ vô ler agora pq tô sem tempo,
mais prometo ler todas!!!
E vc eh muito bobo sabia!?!?!
pq eu ñ add!?
rsrs

Rilke disse...

Qual era o filme?

Rilke disse...

Filmes malditos?

Eu estava lá.

Séphira disse...

Oxe! O seu é que ta "bunitu de mais da conta"! Cheio de estórias! E obrigada pelos elogios ao meu bloguete! kkkk!

Beijão! E sempre que puder dê uma passadinha lá na cCasa da Estrangeira, pra "mode nois tomar um cafezim"!

Naty Piasentin disse...

rsrsrsrs...
Obrigada pelos conselhos futuro grande amigo...
Ah sim gostei muito do teu blog tbm me identifiquei bastante contigo e acalme se n tenho mais dinheiro p os laxantes hauahuah...

Séphira disse...

AH! Em mim muitos "EU" tb já morreram. Sempre aproveito para realizar o funeral da forma mais feliz possível! Quando percebo que "perder" pode ser o primeiro passo para "ganhar", sinto uma vontade maior de siguir em frente e viver! Claro que, de tanto "seguirmos em frente" um dia, sem querer, vamos cair num buraco abaixo de 7 palmos de terra. Engolidos pelo planeta. Mastigados pela vida. E cuspidos pelo medo. Portanto, tratemos de sermos maravilhosos alimentos para saciar a fome deste mistério.