segunda-feira, 4 de maio de 2009

Encontro marcado

Foram 15 minutos antes do combinado. Ele estava sentado, com um boque de rosas vermelhas, disposto a amá-la novamente, feliz por ter tido uma chance; na outra mão ele amassava em uma pequena bola toda a dor e toda a culpa que ele sentiu nas últimas semanas. Então ele dividiu sua vida em duas: a pequena parte na qual ele fora feliz insistentemente e o resto que naquele momento não tinha importância; ele apenas ia esquecer tudo em nome do amor que sentia. Foram 15 minutos de tremenda alegria que se agregava vivamente a ele. Tanto lutou, tanto quis, tanto fez e estava prestes a conseguir. Então, começou a dividir os 15 minutos, como estava fazendo com a sua vida anteriormente.
Os cinco primeiros minutos foram rápidos e felizes, de expectativas. Ensaio de gestos, beijos, imaginação de possíveis erros e seus possíveis consertos; os cinco minutos do futuro que sonhou ao lado da mulher pela qual esperava. Os cinco minutos seguintes não foram apenas cinco minutos; foram três minutos em meio que sobravam em cinco. Passaram rapidamente, e duraram séculos, foram os segundos mais complicados de existir; estavam neles os momentos de extrema dor pela qual passou, e cabia nesses segundos o vazio pelo qual ele se submetia insistindo em amar alguém que não fosse ele.
Os últimos cinco minutos não foram completos. Pertenceram a ele o tempo total e a triste tarefa de se levantar e caminhar praça afora, deixando no banco a felicidade pela qual andava procurando. Foram cinco minutos sem fim; incompletos e interrompidos. Tão secos como toda a dor que ele sofreu por abandoná-los sem saber o que teria acontecido caso ficasse. Esses tristes minutos infinitos o levaram para outra vida, o deixaram desamparado em casa; não acabaram e o visitam de madrugada.
Foram 15 minutos depois do combinado. Ele já estava em casa, acabara de rodar a chave na porta e viu, por dentro de seu apartamento, uma carta. Ela desculpava-se, mas tinha encontrado um amor que não era ele. Sorriu então, e voltou a viver sozinho com ele mesmo.

2 comentários:

P. Girardi disse...

blogueiro, escritor e cronista frustrado, porém sei reconhecer quando alguém faz algo bonito e tocante. o que tu escreve é bonito e me toca, ic.

Satiko disse...

Haushauhs isso sim eh que eh reviravolta!adorei