terça-feira, 16 de setembro de 2008

Seguindo pessoas...

Segunda-feira deplorável e a mesma rotina: cursinho, estágio e alguma diversão não-particular. E assim será; sem nenhuma novidade ou nenhum motivo suficientemente forte para alterar a ordem irritante dos fatos. Nesse momento, sigo pessoas. Um homem e uma mulher, para ser o mais exato possível. Pessoas normais, apenas com uma rotina diferente da minha. São bonitas e andam com certa classe, a mesma classe de quem anda pelo caminho inefável da felicidade. Engraçado, no caminho da felicidade eu nunca andarei. Não andaria, mas hipoteticamente, se andasse, seria com o mínimo de classe o máximo de desespero. Pois lá estavam, com toda classe necessária e calma; nada de exageros. O homem e a mulher, poucos passos adiante a mim, trajando o mesmo caminho, com seus passos demasiadamente certos. Poderia eu, ter passado à frente, e ter dado as minhas costas, fazendo com que toda aquela classe que me irrita não alcance mais o meu olhar, meu pensamento e minha atenção. Poderia sim, submeter-lhes a toda a pressa do meu passo rápido e confuso, do meu caminho diário e atrasado; mas não fiz. Durante algum tempo, pouco tempo, os segui pelo meu caminho. Tecnicamente eles me seguiram, já que o caminho é meu e da minha rotina; sempre ando por aquelas ruas, nos mesmos dias cansativos. Cumpro rigorosamente, nos mesmos atrasos e nos mesmos anseios e medos daquele caminho viciante, temendo encontrar algo novo, com meu passo lento e pensativo. Então não os segui, eles me seguiram, mesmo eu caminhando atrás do casal; estava apenas atrasado, como sempre. A diferença básica de tudo aquilo era a diferença entre os passos. Os seus passos calmos é apenas uma questão de tempo. Quem saberá se algum dia eu, no momento mais que atrasado de um futuro, estaria lá, trajando o mesmo caminho, na mesma rotina entediante e diária, com os mesmo passos calmos que via na minha frente. Um dia, possivelmente, o casal deve ter andando pelo mesmo caminho da minha vida, da minha vida, invejando os passos de um outro casal mais calmo, e assim por todos os tempos. Andava mais sossegado, agora que tinha a certeza de que algum dia estaria mais seguro dos meus próprios passos. Era o bastante para me fazer parar e andar com mais calma. Acomodar-me às minhas circunstâncias, sabendo que no final tudo daria certo.Chegamos a um cruzamento e o casal dobrou. Deveria os seguir, mas isso seria quebrar demais a minha rotina.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dá vontade de comentar todos os posts..o autor é obcecado pelo "Eu", nas temáticas sempre há um tema que é levado até o fim em exaspero, fluidês, velocidade, a repetição constante dos passos passa essa idéia e a Sibilante, "S", tbm.
Icaro, nao sei se intencional, mas há ai uma idéia sempre de um eterno retorno, que as situãçoes sempre se repetem, que nada é novo.
Sem deixar de haver toda a inquietação e ansiedade de uma alma em turbulência, que mesmo tendo ânsia de mudança, transformação, segue metódicamente, todo dia, a mesma rotina enfadonha, embora almejando algo novo para sua vida.
Você dá uma machadada no leitor, quando os caminhos deles naturalmente tem de se separar e: "Chegamos a um cruzamento e o casal dobrou. Deveria os seguir, mas isso seria quebrar demais a minha rotina."

uma solução supreendente
Deslisei no texto! ;D
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