quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Há algum título?
Sempre escolhendo as mesmas palavras e cometendo os mesmos erros de grafia. Essa é a sua vida: vira e mexe ele se pega pensando na mesma pessoa. Até preferia que seus pensamentos fossem vigiados e censurados. Deveria ser preso por cometar o pior crime, que não é matar ou roubar; é pensar. Pensar em que não pensa nele . Lembrar de que não o lembra. Até mesmo chorar. Nosso personagem está machucado. A dor é intensa, e nem mesmo ele sabe da onde veio. Veio e não foi. Continua lá e todos sabemos que por mais forte que ele pareça, está completamente destruído. E não há um amigo pra lhe erguer a mão. Porque se houvesse, ele estaria incomodando com o mesmo assunto de sempre. Cai um lágrima, talvez a última antes de uma promessa: nunca se prestar a papel tão ridiculo novamente. É, com certeza, vergonhoso passar pela dor humana. Decidiu não amar mais ninguém, virar um ser sem coração. Esquecer das famosas borbolates no estômago. Viver morrer, sem sentimento. É uma escolha. Foi ao banheiro, com as últimas forças que tinha. Abriu a torneira e observou a água cair. Era isso: nunca acabava. Água pra sempre, caindo. Enxeu as mãos e deixou transbordar. Cai água, cái aqui. Mais água, mais lágrimas. E o sabão? Desperdiçou também. Usou mais do que poderia e devia. Lavou o rosto vermelho. Mesmo usando muito sabão, ainda sobrava. Quem sabe mais uma vez e esse sabão acaba. E mais água pra lavar o sabão. E as mãos escorregadas e mais uma lágrima. E é isso. Secou as mãos e morreu. Morreu por opção. Não teve uma morte honrosa como os grandes guerreiros. Morreu por fraqueza. Morreu por amar. E agora? Estava morto, mas que diferença isso faz? Alguém ligou, ele não atendeu. Alguém chamou a porta, mas não recebeu. Estava morto, e nós com isso? Não comentem, isso é um pedido.
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