quarta-feira, 8 de julho de 2009

Eu sabia.

Eu sabia, três minutos atrás;
Foram as luzes que piscaram demais enquanto eu dançava. Eu poderia estar bêbado, ou não; de todas as possibilidades, seria melhor dizer que eu estava livre, com os dois braços enrolados em mim, me segurando firme, como se eu fosse desaparecer pra sempre. A idéia foi se fortalecendo, talvez por causa do álcool, talvez por causa da luz.
E tudo fugiu, três minutos atrás, como se fosse demasiadamente errado eu me amar e não poder ficar comigo mesmo. Como se fosse um delicioso pecado incestuoso tocar os meus próprios lábios enquanto remexia ao som de uma musica que só tocava pra mim. Nossa, eu pulei demais; eu parecia ter vencido algo que eu só sei vencer quando desisto de tudo.
Durante três minutos, eu soltei o fio que me ligava diretamente com tudo. Foi uma simples queda rápida. Talvez tivesse sido o álcool, talvez tivesse sido qualquer outra coisa que outra pessoa possa um dia explicar melhor. Enquanto eu me desgarrava, eu sorria pro nada, por motivos secretos que me envergonham agora.
Alguns olharam e comentaram, outros nem me viram. Aconteceu, e eu acredito – já basta. Talvez fosse um dia difícil, talvez fosse o último dia de algo maior. Movia-se lentamente, mas não por causa das luzes, eu estava assimilando uma nova condição temporária.
Levou algum tempo para eu entender, afinal, ninguém me explicou, e eu talvez não esteja explicando mais. Foram três minutos de graça, que me abasteceram completamente de algo útil apenas a mim.
Agora, eu já não sei de nada, porque eu confessei pecados que foram inventados e que doeram enquanto eram vomitados. Foi tudo esquecido, só ficaram marcas. Toda a dor se dissipou e valeu a pena: estava forte. Agarrando-me percebi que eu era seguro e forte. Não demoraria muito para eu começar a querer sonhar.
Violei com as mãos o que pude violar, e sorri secretamente, do mesmo modo como eu olho para o nada e vejo coisas que ninguém consegue ver. Talvez tenha sido mentira, ou talvez tenha sido real demais para ser de verdade.
Chorei muito, por motivo algum; talvez ninguém tenha entendido: foram apenas três minutos particulares e irrecuperáveis. Minha falta de sentimento foi novamente abastecida, e eu ainda tenho uma eternidade inteira para chorá-los.

3 comentários:

rooney disse...

faz um textos menores p/ qm n sabe ler na net q nem eu...

John John disse...

Nossa..textos menores pra quem nao sabe ler na net?! MEREÇO, hein?!?!

LIndo texto..como sepre... ADOREI MESMO..e me vi dançando comigo mesmo

John John disse...

Eu queria que seus contos fossem cada vez maiores, pois me dá um prazer imenso le-los!