quinta-feira, 9 de maio de 2013

plims plims no ar.

É que essa minha vidinha assim me deixa olhando o ponto morto no ar procurando a resposta no tick de pensamento. Tick, uma critica. Tick, uma outra critica. Tick, eu me detesto. Quero me olhar de olhos fechados e me ver por dentro; me falta essa ida ao inferno. Pertinho de mim deve haver pontos de acesso assombrados pela falta de informações que eu dou aos outros. Ah, os outros! Nem quero pensar nos outros agora; quero apenas lhes dizer que há uma falta quando eu respiro muito. Desejo informa-los que a defesa é um ataque e que isso é uma verdade minha. Será difícil entende-lo?
Não quero dizer que não.



Deve haver água no mundo tão límpida que ao ser vista é profanada. Deve haver coisas que ensinaram e que jamais conferimos ser verdades. Com certeza invetam-se coisas impossíveis de existir todos os dias. Só deve existir um grande numero de tantas armas para justificar a existência de tantas feridas nos outros.
E as coisas estão cada vez mais óbvias. É irritante ver a agonia eterna consumindo a falta de perspectiva. Será impossível ouvir os gritos e os classificarem? Agora mesmo escuto um grito de dor e tenho certeza que é a dor que provoca este mesmo grito. Como, então, outros podem escutar o silencio e não saber que ele é algo. Silenciar-se é um ato magnífico! Não te falo algo porque não quero que saibas. Se te belisco e não sentes dores é porque você já não consegue nada sentir ou porque estou demasiado fraco para ter força no beliscão.
Acorde.
E veja.
Entenda que esse dia poderá acabar na sua ida fatídica pela rota um zero algo; morras e então vivas novamente para possa voltar a morrer. Seja inteligente sem ser burro.
Acorde.
E veja.
Veja até seus olhos coçarem e explodirem em cores e informações que você consiga entender que elas existem para não serem jamais compreendidas. Pare, pare, pare e respire. Seu pulmão de não fumante se orgulhará desse ato nobre. Diga não para o sim e sim para não e diga talvez para si mesmo. Irás te matar todo o dia por um ano para ter apenas um dia de alívio?
Acorde.
E veja.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Esse deveria ser transformado em foto.

Ele se dançarolava sorrindo e era tão confortável vê-lo expressar seus problemas através dos movimentos honestos dos seus braços se articulando com mil sorrisos regados aquele liquido gostoso que ele bebericava. Era importante para ele e ninguém sabia por que. A curiosidade me fez querer conhecê-lo.

- QUEM É VOCÊ?
- ÍCARO, PRAZER.
- OI ICARO, TUDO BEM?
- ADORO ESSA MUSICA, VEM.

E me agarrou e imediatamente a música mudou. Era lenta – ele desacelerava seus movimentos sem perder a seu ritmo. Não me incomodei em remover as suas mãos. Estava suando lentamente. Eu achava aquilo bonito; quis afasta-lo no começo mas me acostumei a temperatura do seu corpo.
Uma daquelas poucas vezes que alguma luz bate na sua cara e você entende que alguém é especial. Esse tal de Ícaro aí era super especial e eu queria muito abraça-lo.

O fiz.

Ele me agarrou e me levou pra dentro dele enquanto tocava aquela musica. Nós fomos pra lá, pra cá e o barulho sumiu. Me deixei ser conduzido a sua imprevisibilidade. E ele foi me levando para algum lugar mais escuro sem sequer mover nossos pés. Enquanto a música tocava, nos nós beijamos.
Aquele beijo que eu tanto sonhara -- ao qual havia me referido em outras conversas do passado. Foi lento e foi sincronizado; aquele único beijo que começa com surpresa e passa pela felicidade e contentamento que a gente sempre procura. A música cobria tudo aquilo que na minha cabeça acontecera. Acabara com uma ultima nota e uma troca de olhares.
Ele se foi; voltou a dançar e me deixou infectado, paralisados, olhando pra todos os lados dentro de mim.

domingo, 21 de abril de 2013

Fragmento 1

Naqueles anos de antes eu me deleitava apenas em deitar no chão, muitas vezes frio, e ouvir musicas; o teletransporte mais barato da época. As coisas eram definitivamente mais leves. Eu tinha bem menos amigos com quem pisava em ovos. Eles eram bons, mas eu era melhor – eu sentia isso. Eu ia e voltava naquela dificuldade de acesso a tudo – felicidade, principalmente. Hoje eu dormia e sonhava enquanto exorcizava alguns demônios. A poucos momentos disse a um amigo como eu não conseguiria ser tão inconsequente. No entanto, eu sou. E eu menti pra ele; eu deveria ter dito que eu consigo ser inconsequente, que eu estou morrendo de vontade de sentir algo maior sair de mim.
Era mais simples ser inconsequente sem dinheiro algum naqueles tempos.
São muitos rostos; eles não são importantes, mas sempre me importam. Os traços que saem deles me atingem na alma e me causam impacto. Acredito que eles mentem também, pra si próprios, principalmente. Quantos deles realmente dizem o que está entalado dentro da garganta?
Eu me digo todo o dia que eu não me importo. Porém, sentar triste e se questionar sobre as coisas da vida são maneiras de se importar.
Demora tanto pra sair poesia;
Minha alma está tão seca. Sinto falta dos sons dos corações batendo em melódica sincronia, dos meus sonhos, da minha falta de tempo e falta de acessibilidade. Não sinto falta do dinheiro, mas entendo que não sei usa-lo tão bem quanto eu pensava. É tão estranho não me apaixonar por alguém de outro estado agora que posso comprar aquele bilhete aéreo; meus amores eternos dos anos de antes seriam concretizados. Eu, por mim mesmo, aprenderia que a vida é mais longa que um conjunto de avenidas cortadas pelos ônibus da rotina ao qual me habituei.
Então eu danço – às vezes, bêbado.
Não aceitando aquelas premissas estabelecidas outrora de que não seria tão fraco ao ponto de precisar de catalisadores para me fazer enxergar o que antes eu via tão claro. Eu perdi uma a quadragésima parte da minha voz – e com ela foi a capacidade de acertar as ordens das palavras e causar o efeito que era só meu.
Minhas ambições se desvirtuaram, meus olhares se desencontram e meu vicio tomou conta de mim.
Aquela pequena certeza tilintando meu peito que dizia estar destinado à alguém, a algum lugar ou a um grupo de pessoas e coisas já é a tempos perdidas. Como consequência, o mínimo de sentimento que ainda se sobressai é transformado em montanhas de possibilidades de me recuperar definitivamente.
Algo se mantém, no entanto. A primeira hora da manhã, por exemplo, quando as nuvens da madrugada se dissipam e é possível ver o tom primeiro da luz enchendo de vida os peitos maltratados, me colorindo timidamente com aqueles tons difíceis de interpretar.
Logo tudo volta a ser o que era antes e eu me volto pra dentro de mim, me prometendo novas possibilidades.