quarta-feira, 6 de junho de 2012
Um paragrafo e só
"Quando eu finalmente olhar em seus olhos, sentirei apenas raiva" - Disse eu, conversando na mesa de bar. De repente me tornei amargo ao repetir: é, quando ele aparecer, vou sentir muita raiva. Todos se entreolhavam simultaneamente na tentativa de entender o que tão bruscamente fora dito. Fui chamado de bêbado, de louco, de carente. Não conseguiria explicar com clareza, ainda que estivesse disposto a tal, pois, comos todos já perceberam mais cedo, já enrolava parcialmente alcoolizado a lingua nas palavras ou as palavras na lingua. Tudo isso porque o momento pelo qual me sujeitei a beber alcool havia chegado e eu finalmente conseguira dizer a sentença a tanto ensaiada. Sem conseguir concluir brilhantemente algo que deveria ter força, comecei a dizer que ele me havia deixado verazmente chateado e que eu não seria capaz de perdoa-lo pela sua longa ausência. Meu peito doído me persuadia a chorar as lagrimas que eram dele e somente dele - as minhas próprias lagrimas de saudade derramadas por alguém que jamais havia existido fora de mim. Pertubado, retornava ao pouco para a antiga musica brasileira tocada bravamente no violão do cantor. Esses sons, pouco a pouco, me traziam de volta; e eu bobo, já começava a sorrir, já começava a perdoa-lo e já voltava a conversar alegremente, olhando para o relógio, apreensivo, pensando se ainda é tarde.?
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