domingo, 25 de setembro de 2011
Inverno
Em alguns poucos segundos, antes do vento gelado acertar-lhe com um tapa a sua cara cheia de maldade ele irá refletir sobre o poder da inveja e constatar que é incapaz de ser superior. Ele verá a quantidade de erros que cometeu e como foi incapaz de, mesmo podendo prever exatamente o resultado, não mudar uma única palavra do seu discurso radical. Em poucos segundos o vento chegará e ele dará boas vindas a dor de saber que a culpa foi exclusivamente sua. Com orgulho sorrirá: manteve-se em si por todo o percurso; e se o resultado for a dor e a solidão, que ela venha, bem vinda, com o vento, que já lhe rasga em dois.
sábado, 13 de agosto de 2011
Água gelada pra lua maldita
Talvez fosse plausível dizer que ele estava levando numa boa. Acordou com aquele gosto de ontem na boca, rapidamente levantou, tomou seu banho e abandonou o seu quarto, deixando as roupas jogadas no chão se misturarem com resto de comidas em pratos que se multiplicavam pelos objetos do seu quarto. Antes de trancar a porta do seu 301, no entanto, observou de relance a posição do caos e confirmou: de fato, funcionava.
O resto do dia correu agradavelmente. As pessoas o cumprimentaram cordialmente, e até houve um episodio de abraço espontâneo quando ouviu a voz daquela colega que ele sentia falta. Era o primeiro dia, pela quinta vez pela semana: ser professor tem disso, as vezes você vive a mesma alegria ou tristeza várias vezes.
Ele sentou-se por alguns minutos e logo em seguida alguém apareceu – foi o necessário para conversar sobre pequenos detalhes, pequenas viagens, pequenas resoluções, pequenas mudanças, pequenos amores. Tudo foi dito categoricamente, sem emoções exaltadas, sem o mínimo deleite sequer: mecânico. O grande ponteiro do relógio fazia a volta final, demandando que todos, na mais pura desordem, saíssem. Ninguém pensava na volta, apenas no começo: todos deveriam ir e voltar pelo menos cinco vezes em momento diferente naquele dia. Assim como de costume, seria possível ver as mais diferenciadas expressões enquanto se olhava para o relógio – algumas delas performadas pela mesma pessoa. A cada Tic, um Tac. Regra.
É noite, começo de noite, ele volta ao seu corpo com uma sacola de supermercado na mão, esperando o elevador, olhando com cara de mistério pros números que se movem. Era o terceiro andar e a escada estava ao lado; foi. Antes de abrir a porta pode observar as unhas sujas segurando os dedos podres ornados com o chaveiro favorito: estatua da liberdade. Ele tinha poucas chaves, preferia assim, manter tudo simples. Antes de abrir a porta, observou os números 301. Fantásticos. Era aqui, né? Aqui ele morava, e tudo o que ele tinha feito anteriormente se resumia aquele lugar imundo, provavelmente habitado por baratas que ele jamais havia visto, apenas escutados.
Olhando pro três ele pode notar que o lance das baratas era um barato. Ele era só, e tinha pena de não poder mudar sua condição facilmente. Há de se notar que era possível ser algo menos só, mas isso significaria exigir forças de um ser que ele não concebia ser, ainda que significasse a cura para o mal que o assolava. Nada valeria a pena e no final, sempre haverão as baratas.
Com a conclusão do pensamento, uma vez que havia se fechado o ciclo, ele finalmente girou rapidamente a chave na fechadura; fez questão absoluta de girar duas vezes seguidas, fazendo todo o barulho necessário, anunciando a sua entrada no seu reino – era como se ele esperasse ser ovacionado.
Não foi.
Rebolou a bolsa cheia de trabalho no cabide irregular ao no sofá perto da porta. Sentia falta da sua cachorrinha levada; por isso, quem entrava podia ver uma fotografia velha da Eva, aquele pedaço de furacão que vibrava emocionada quando ele chegava em casa. A foto ficava em cima de um sofá preto que pertencia a sua família. Quando não havia mais espaço pro sofá de gerações e o seu destino havia sido escrito, ele foi doado para o novo apartamento, apenas como lembrete que o sofá continuaria existindo, e embora não pudesse parecer tão confortável a primeira vista, surpreendia a todos
Deitou-se por um tempo e refletiu: era sábado, que merda. “não iria rolar reciprocidade” concluiu. Tentava finalizar os pensamentos para pode concluir as ações – e então refletiu se isso era erro ou acerto. Dirigiu-se a geladeira e bebeu um belo copo de água enquanto olhava pra lua cheia através da janela, maldita, no céu. E ria feliz, olhando para aquilo, com olhar de desdém. “Sua maldita, nunca vou te perdoar”.
E de repente, com essa confissão, ele realmente havia chegado em casa. Era lar, por mais inconveniente que pareça, é a verdade. Lar... Bagunçado, lar.
O resto do dia correu agradavelmente. As pessoas o cumprimentaram cordialmente, e até houve um episodio de abraço espontâneo quando ouviu a voz daquela colega que ele sentia falta. Era o primeiro dia, pela quinta vez pela semana: ser professor tem disso, as vezes você vive a mesma alegria ou tristeza várias vezes.
Ele sentou-se por alguns minutos e logo em seguida alguém apareceu – foi o necessário para conversar sobre pequenos detalhes, pequenas viagens, pequenas resoluções, pequenas mudanças, pequenos amores. Tudo foi dito categoricamente, sem emoções exaltadas, sem o mínimo deleite sequer: mecânico. O grande ponteiro do relógio fazia a volta final, demandando que todos, na mais pura desordem, saíssem. Ninguém pensava na volta, apenas no começo: todos deveriam ir e voltar pelo menos cinco vezes em momento diferente naquele dia. Assim como de costume, seria possível ver as mais diferenciadas expressões enquanto se olhava para o relógio – algumas delas performadas pela mesma pessoa. A cada Tic, um Tac. Regra.
É noite, começo de noite, ele volta ao seu corpo com uma sacola de supermercado na mão, esperando o elevador, olhando com cara de mistério pros números que se movem. Era o terceiro andar e a escada estava ao lado; foi. Antes de abrir a porta pode observar as unhas sujas segurando os dedos podres ornados com o chaveiro favorito: estatua da liberdade. Ele tinha poucas chaves, preferia assim, manter tudo simples. Antes de abrir a porta, observou os números 301. Fantásticos. Era aqui, né? Aqui ele morava, e tudo o que ele tinha feito anteriormente se resumia aquele lugar imundo, provavelmente habitado por baratas que ele jamais havia visto, apenas escutados.
Olhando pro três ele pode notar que o lance das baratas era um barato. Ele era só, e tinha pena de não poder mudar sua condição facilmente. Há de se notar que era possível ser algo menos só, mas isso significaria exigir forças de um ser que ele não concebia ser, ainda que significasse a cura para o mal que o assolava. Nada valeria a pena e no final, sempre haverão as baratas.
Com a conclusão do pensamento, uma vez que havia se fechado o ciclo, ele finalmente girou rapidamente a chave na fechadura; fez questão absoluta de girar duas vezes seguidas, fazendo todo o barulho necessário, anunciando a sua entrada no seu reino – era como se ele esperasse ser ovacionado.
Não foi.
Rebolou a bolsa cheia de trabalho no cabide irregular ao no sofá perto da porta. Sentia falta da sua cachorrinha levada; por isso, quem entrava podia ver uma fotografia velha da Eva, aquele pedaço de furacão que vibrava emocionada quando ele chegava em casa. A foto ficava em cima de um sofá preto que pertencia a sua família. Quando não havia mais espaço pro sofá de gerações e o seu destino havia sido escrito, ele foi doado para o novo apartamento, apenas como lembrete que o sofá continuaria existindo, e embora não pudesse parecer tão confortável a primeira vista, surpreendia a todos
Deitou-se por um tempo e refletiu: era sábado, que merda. “não iria rolar reciprocidade” concluiu. Tentava finalizar os pensamentos para pode concluir as ações – e então refletiu se isso era erro ou acerto. Dirigiu-se a geladeira e bebeu um belo copo de água enquanto olhava pra lua cheia através da janela, maldita, no céu. E ria feliz, olhando para aquilo, com olhar de desdém. “Sua maldita, nunca vou te perdoar”.
E de repente, com essa confissão, ele realmente havia chegado em casa. Era lar, por mais inconveniente que pareça, é a verdade. Lar... Bagunçado, lar.
terça-feira, 19 de julho de 2011
Doritos, Fanta uva e Diamante Negro
Após desligar o telefone permaneci deitado por um tempo. Ainda estava usando a calça jeans e a blusa simples com aquela estampa de Nova Iorque que eu tanto gostava. Aquelas duas juntas ficavam tão bem que até parecia um pecado tirá-las, ainda que elas não tivessem utilidade alguma. Olhando para nuvens eu imaginava o momento de tirá-las; completamente arruinado pelo algo que jamais aconteceu, pelas pessoas que jamais nos veriam com aquelas roupas. O calor que os sapatos faziam aos pés até pedia que pelo menos eu os tirasse, mas estava tão determinado a sair vestindo aquela fantasia de homem feliz, que mesmo assim, abatido, desci as escadas lentamente e, ao chegar à cozinha, escolhi dez uvas verdes que estavam repousando no seu sonho de vinho. Comi-as todas, devagar, sentindo o néctar, aproveitando ao máximo o seu gosto finito. Eu as abria ao meio e retirava as sementes com a língua, logo em seguida cuspindo em um cesto de lixo.
Eu sentia raiva. Não era apenas a roupa; também tinha o fato de eu ter recolhido milhões de moedas por todos os cantos da casa e não poder gasta-las. Eu tinha reunido, com muito orgulho, dez reais. Isso valeria um real pra onde eu pretendia ir, mas mesmo assim, valia algo, valia usar a minha roupa, valia sorrir. E eu não ia. Então estava eu sentado na frente do computador, pensando em uma reviravolta possível, uma alegria substancial que pude-se me mover imediatamente para a rua, correndo de alegria, pipocando de idéias e ansioso como nunca fico. Ao invés disso eu só me sentia um derrotado. Eu já tinha soluções pra usar outras roupas em outras ocasiões ainda mais difíceis, que exigiam ainda mais da minha superação em nome de alguém. E tudo o que eu me ouvia dizer era que “hoje não vai dar, hoje realmente não vai dar...”. Tristes reticências que me derrubavam ainda mais. Eu quero lutar, eu quero fazer as coisas acontecerem.
Então eu paro agora pra pensar o que aconteceria caso eu tomasse quaisquer decisões. Tenho dois finais possíveis. Prefiro imaginar o que não aconteceu, porque de qualquer forma isso sustentaria a mim e aos meus sonhos. Vou falar do momento cansáveis que desperdicei na tela do computador e de toda a caixa de chocolates que eu comi enquanto via os meus seriados no computador. Me sentiria bem, por que isso tem sido minha morfina por toda a vida.
Foda-se a anestesia, eu quero viver, porra!
(A partir desse momento, recomendo a leitura munida de Fanta Uva, Doritos e Diamante Negro)
Agora eu tomo espaço pra continuar aonde eu parei. Minha história continua no momento que eu decido inventar um motivo maior. Ele eventualmente apareceria, de qualquer forma. Eu simplesmente me afirmei e disse: eu vou, e não quero saber se você vai, eu vou mesmo assim, porque eu já estive pronto muitas vezes para desistir mais uma vez. Eu vou, e hoje vai dar.
Desliguei o monitor e fui andando. Enquanto caminhava fui maturando razões, desculpas, respostas, contra-argumentos, réplicas, frases de efeito e possíveis cenários. A verdade é que eu nunca fui um homem que fazia da vida uma surpresa; no momento eu sou esse cara que eu sempre quis ser, e pra ser bem honesto, eu me sinto tão bem sendo ele que de agora em diante eu só sei sê-lo.
Luzes, luzes, ônibus, ruas, ruas, avenidas, ruas, esquinas, trânsito, lugares, idéias, carros, mais carros, lugares, idéias, contra-argumentos, medo, respostas, possíveis cenários, respostas e então eu desço do ônibus e caminho de cabeça erguida, satisfeito por ter seguido uma convicção boba que mais tarde faria toda a diferença pra mim.
Eu o encontro e ele sorri em retorno, cheiroso, tão delicado e faminto. Me faz sorri e pensar em felicidade de um jeito menos denso, mais próximo e cada vez mais presente. Lembro que semana passada tudo era um sonho, e ainda hoje eu acordei pensando que tudo tinha acabado. Não, não tinha, não hoje, provavelmente amanhã, mas não hoje.
Conversamos em dois bancos. Enquanto ele sorria, eu ouvia um piano ao longe tocando notas harmônicas. E era aquele ritmo que me balançava e inquietava meus tiques nervosos – sempre vou precisar deles, mas hoje não, jamais no dia de hoje. Onde estava o silêncio, aquele pobre coitado? Extinto. E eu feliz, segurando com todas as minhas forças o grito de vitória. Preciso desse drama, preciso dessa crônica, preciso que todos, principalmente eu, saibam o quão feliz eu estive estando enquanto escrevia a crônica mais fraca de toda a minha carreira. Preciso que os críticos digam que não há nada o que dizer sobre minha postura infantil perante a Literatura, preciso que pronunciem ofensas quentes e dolorosas e que cuspam todos os erros que eu cometi conforme o texto crescia. Preciso que as pessoas que leram os dois parágrafos iniciais cheguem a esse ponto e concordem unânimes com a perda de tempo. E principalmente, preciso que quem chegou a essa ultima frase me homenageie fechando os olhos e sorrindo algo que precise ser sorrido.
Eu sentia raiva. Não era apenas a roupa; também tinha o fato de eu ter recolhido milhões de moedas por todos os cantos da casa e não poder gasta-las. Eu tinha reunido, com muito orgulho, dez reais. Isso valeria um real pra onde eu pretendia ir, mas mesmo assim, valia algo, valia usar a minha roupa, valia sorrir. E eu não ia. Então estava eu sentado na frente do computador, pensando em uma reviravolta possível, uma alegria substancial que pude-se me mover imediatamente para a rua, correndo de alegria, pipocando de idéias e ansioso como nunca fico. Ao invés disso eu só me sentia um derrotado. Eu já tinha soluções pra usar outras roupas em outras ocasiões ainda mais difíceis, que exigiam ainda mais da minha superação em nome de alguém. E tudo o que eu me ouvia dizer era que “hoje não vai dar, hoje realmente não vai dar...”. Tristes reticências que me derrubavam ainda mais. Eu quero lutar, eu quero fazer as coisas acontecerem.
Então eu paro agora pra pensar o que aconteceria caso eu tomasse quaisquer decisões. Tenho dois finais possíveis. Prefiro imaginar o que não aconteceu, porque de qualquer forma isso sustentaria a mim e aos meus sonhos. Vou falar do momento cansáveis que desperdicei na tela do computador e de toda a caixa de chocolates que eu comi enquanto via os meus seriados no computador. Me sentiria bem, por que isso tem sido minha morfina por toda a vida.
Foda-se a anestesia, eu quero viver, porra!
(A partir desse momento, recomendo a leitura munida de Fanta Uva, Doritos e Diamante Negro)
Agora eu tomo espaço pra continuar aonde eu parei. Minha história continua no momento que eu decido inventar um motivo maior. Ele eventualmente apareceria, de qualquer forma. Eu simplesmente me afirmei e disse: eu vou, e não quero saber se você vai, eu vou mesmo assim, porque eu já estive pronto muitas vezes para desistir mais uma vez. Eu vou, e hoje vai dar.
Desliguei o monitor e fui andando. Enquanto caminhava fui maturando razões, desculpas, respostas, contra-argumentos, réplicas, frases de efeito e possíveis cenários. A verdade é que eu nunca fui um homem que fazia da vida uma surpresa; no momento eu sou esse cara que eu sempre quis ser, e pra ser bem honesto, eu me sinto tão bem sendo ele que de agora em diante eu só sei sê-lo.
Luzes, luzes, ônibus, ruas, ruas, avenidas, ruas, esquinas, trânsito, lugares, idéias, carros, mais carros, lugares, idéias, contra-argumentos, medo, respostas, possíveis cenários, respostas e então eu desço do ônibus e caminho de cabeça erguida, satisfeito por ter seguido uma convicção boba que mais tarde faria toda a diferença pra mim.
Eu o encontro e ele sorri em retorno, cheiroso, tão delicado e faminto. Me faz sorri e pensar em felicidade de um jeito menos denso, mais próximo e cada vez mais presente. Lembro que semana passada tudo era um sonho, e ainda hoje eu acordei pensando que tudo tinha acabado. Não, não tinha, não hoje, provavelmente amanhã, mas não hoje.
Conversamos em dois bancos. Enquanto ele sorria, eu ouvia um piano ao longe tocando notas harmônicas. E era aquele ritmo que me balançava e inquietava meus tiques nervosos – sempre vou precisar deles, mas hoje não, jamais no dia de hoje. Onde estava o silêncio, aquele pobre coitado? Extinto. E eu feliz, segurando com todas as minhas forças o grito de vitória. Preciso desse drama, preciso dessa crônica, preciso que todos, principalmente eu, saibam o quão feliz eu estive estando enquanto escrevia a crônica mais fraca de toda a minha carreira. Preciso que os críticos digam que não há nada o que dizer sobre minha postura infantil perante a Literatura, preciso que pronunciem ofensas quentes e dolorosas e que cuspam todos os erros que eu cometi conforme o texto crescia. Preciso que as pessoas que leram os dois parágrafos iniciais cheguem a esse ponto e concordem unânimes com a perda de tempo. E principalmente, preciso que quem chegou a essa ultima frase me homenageie fechando os olhos e sorrindo algo que precise ser sorrido.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
O sol da tampa do suco de laranja
Eu tinha essa mania de nunca escrever diretamente sobre os meus sentimentos em primeira pessoa. Acho que sempre fui a pessoa que nunca esteve triste para o mundo, apenas dentro de si. Eu pergunto, de repente, por que agora eu sou o narrador? Por que estou me dando tenta evidência? Isso não é meu tipo de Literatura, e realmente tenho inveja daquelas crônicas que acertam como flecha a maçã em cima da cabeça do amado. A verdade é que eu queria definir o amor de tantas maneiras que jamais parei pra pensar que na verdade é o amor que me define. Ontem mesmo eu estava parado olhando para um ponto branco da parede, decidindo aonde eu ia colocar o sol da tampa do suco de laranja que apareceu recentemente. Disso pra conclusão de que eu estava feliz foi apenas um breve segundo, e logo em seguida eu comecei a sorrir pra mim mesmo. Eu sempre disse que o meu coração foi quebrado em mil pedaços, mas só agora descobri que essa cola maluca chamada amor além de juntar tudo o que já foi quebrado, pouco a pouco anestesia o peito. Eventualmente se a cola acabar, tudo volta com peso maior. Mas será que alguém, qualquer um que seja, alguém vai preferir um segundo sequer da dor extrema que é ficar sozinho quando se deseja dividir a alma em duas? Eu respondo nesse momento de anestesia que não. Nesse momento realmente não me importa saber qual o seu caso de amor mais conturbado ou qual é o tamanho da sua dor. O amor cura tudo e se isso faz de mim a pessoa mais lamentável que você poderia conhecer um dia, eu sou feliz em dizer que eu realmente a sou; e tendo em vista que capricorniano é realmente muito ousado no que diz respeito às palavras, eu já revido o possível argumento de dizer que eu tenho pena de quem não consegue amar, pois eu realmente acho que vocês, e incluo o eu mesmo de algum tempo atrás, são todos uns vazios. Vão amar, porra!
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Get outta my way
Agarrou o primeiro braço que suas mãos desesperadas encontraram. Antes mesmo de alguém responder ele disse sem pestanejar: preciso de seu conselho para um problema que está me deixando louco. Então, o estranho, que era calvo e parecia ter nenhuma experiência de vida, engoliu suas palavras cheias de ódio e em um tom brando perguntou sinceramente se importando qual era o problema.
E quando tentou abrir sua boca, gaguejou, parou um minuto e disse: desculpa, acho que não há mais problema.
E quando tentou abrir sua boca, gaguejou, parou um minuto e disse: desculpa, acho que não há mais problema.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
A verdade é?
Em uma bela conversa abrimos as bocas um do outro e retiramos confissões cínicas; isso somente porque havíamos chegado a um grau de cinismo tão importante que ambos sentíamos o prazer delator pulsando nas veias. Mentiríamos cada vez mais e isso nos incomodaria cada vez menos. A verdade é que distorcíamos tudo com nossos pensamentos rápidos e estratégias e por causa disso nos fomos construindo uma codependencia fatal que ocasionalmente se viraria contra nós e destruiria qualquer dado de carinho que havíamos sentido um pelo outro; ainda que fingidos, esses dados foram ditos, e como a mentira é sempre nossa aliada, jamais haveria contra prova se nós não quiséssemos.
- Você nunca confiou em mim.
E era de fato uma premissa verdadeira; porém, dado as circunstancias era possível argumentar contra. Esse tipo de verdade infame - que jamais entra em cheque - os excitavam, e de uma maneira destrutiva. Eles esperavam a destruição do outro, e isso poderia estar acontecendo agora, se qualquer um fosse relapso; Não eram.
- É verdade, eu poderia nunca ter confiado em você. Nunca saberemos.
Selaram com um beijo e transaram no tapete do chão, ao lado da cama.
- Você nunca confiou em mim.
E era de fato uma premissa verdadeira; porém, dado as circunstancias era possível argumentar contra. Esse tipo de verdade infame - que jamais entra em cheque - os excitavam, e de uma maneira destrutiva. Eles esperavam a destruição do outro, e isso poderia estar acontecendo agora, se qualquer um fosse relapso; Não eram.
- É verdade, eu poderia nunca ter confiado em você. Nunca saberemos.
Selaram com um beijo e transaram no tapete do chão, ao lado da cama.
domingo, 26 de junho de 2011
Eu sou Deus
Eu tive uma excelente idéia enquanto assistia um desses seriados. A idéia baseava-se em uma mulher de meia idade com os olhos verdes e belos cabelos curtos e ruivos. O que eu pensei? Eu sou Deus. Por quê? Até esse momento ela está nas minhas mãos e eu decido se ela morre ou não. Se ela é feliz ou se ela toma café. Eu sou Deus
Eram 22:30 e Ícaro Rabelo, cineasta independente, roteirista e fotografo, procurava dentre as milhões de idéias nulas uma boa opção para a trama que não levaria a lugar nenhum. Esse titulo, impactante, capturava a idéia geral da razão das consecutivas 22:30 do ultimo mês: a vida chata de uma pessoa chata que seria contada de uma maneira interessante. E esse objetivo seria alcançado quando uma pessoa chata fosse salvo de um dia chato por esse livro ou filme que se desenhava no momento
Ele era Deus. E ria um pouco grosseiramente da blasfêmia. Atraver-se-ia a repetir novamente? Sim, quantas vezes fossem necessárias, afinal das contas, o motivo de tudo sempre era a quebra. Ícaro revia alguns textos no seu computador enquanto esperava sua refeição chegar. Nesse momento, café algum faria efeito. Ele necessitava de boa comida, de um horário regular de exercícios, e de mais lanchonetes 24 horas. E naquela noite, era sábado, porque ele assim quis, a garota começava a chegar a lugar nenhum apenas tentando fazer o que todos nos já tentamos algum dia: bate-papo online.
A escolha no nick demorou alguns segundos. Ela olhava fixamente para aquelas letrinhas que somos obrigados a decifrar e que jamais acertamos de primeira quando estamos com pressa, com sono, ou velhos. Ela era um pouco velha, dizia-se, animando; ora, antes era melhor ser um pouco do que muito. Resolveu escolher Era venenosa; não se sentiu julgada como esperava. Ao contrario das suas expectativas, ela sentiu-se rejeitada, e então reentrou várias vezes na mesma sala até algum homem de nome suficientemente charmoso a corterjar-se.
Decidiu então desviar sua atenção e preparar-se um macarrão instantâneo de galinha caipira. Seu apartamento era bastante desorganizado, e tudo em nome da arte. Ela gostava a ilusão de pensar que cada algo diferente geraria uma mudança no fluxo continuo do tempo ou então quaisquer outras palavras diferentes e chamativas que impressionassem aparentemente positivamente um alguém sem mente. Mas as pessoas logo se cansavam e então ela dizia que era apenas descuidada.
E Deus perguntava, por que, diabos, não posso fazê-la importar-se mais um pouco com a organização?
Imediatamente a mulher ruiva da qual falávamos a pouco, ainda sem nome completo definido – e aqui entra um pequeno comentário do diretor: seu nome terá a letra J. então assim a chamemos enquanto isso ainda é um arquivo dentro do computador imaginário de um deus que habita um livro inexistente – começa a perguntar-se o que Deus reticências e os três minutos do macarrão acabaram.
Era simples e saboroso.
Durante os outros três minutos em que o macarrão instantaneamente pulava do prato para a sua barriga, Jennie ou Jennifer, escutava sirenes de policia. Sem desviar a sua atenção das pequenas curvas disformes que seu alimento desenhava no prato, Jennie ou Jennifer perdia a bela imagem azul e vermelha que se desenha na janela atrás do seu computador. Ela perdia a grande oportunidade de escrever o seu próximo possível livro, sem nome ainda definido.
Ícaro Rabelo pause e pensa que apenas um nome seria suficiente para um sucesso. Um sucesso precisa do nome pra se vangloriar. E então voltamos ao principio de Jennie ou Jennifer, que era se perder.
Enquanto havia algum resto de comida no prato, deixado de lado para a anotação de idéias importantes para a boa harmonia da casa, Jennie ou Jennifer pensava em coisas absurdamente impensáveis, como, por exemplo, porque ela havia deixado de lado a caixa de fósforos com três palitos jamais acessos e retirado uma nova caixa com novos cem amiguinhos para acender o fogo sagrado do fogão. A historia começa exatamente do mesmo jeito que termina, antes haviam três palitos, e antes deles mais três... e ela sempre os descartava, como se fossem palitos utilizados. Não o eram. Jennie ou Jennifer se arrependia amargamente de não ter tido a idéia que estava passando na sua cabeça enquanto o macarrão enrolado gelava no abandonamento provinientes do seu mais alto nível de subjetividade permitido pela sindica do prédio, Geralda, que era uma vibora inteligente: por que não criar uma família e por os 3 fosforos juntos sos outros três que estarão por vir?
E então ela reclamava que a comida estava fria e a jogava no lixo.
Eram 22:30 e Ícaro Rabelo, cineasta independente, roteirista e fotografo, procurava dentre as milhões de idéias nulas uma boa opção para a trama que não levaria a lugar nenhum. Esse titulo, impactante, capturava a idéia geral da razão das consecutivas 22:30 do ultimo mês: a vida chata de uma pessoa chata que seria contada de uma maneira interessante. E esse objetivo seria alcançado quando uma pessoa chata fosse salvo de um dia chato por esse livro ou filme que se desenhava no momento
Ele era Deus. E ria um pouco grosseiramente da blasfêmia. Atraver-se-ia a repetir novamente? Sim, quantas vezes fossem necessárias, afinal das contas, o motivo de tudo sempre era a quebra. Ícaro revia alguns textos no seu computador enquanto esperava sua refeição chegar. Nesse momento, café algum faria efeito. Ele necessitava de boa comida, de um horário regular de exercícios, e de mais lanchonetes 24 horas. E naquela noite, era sábado, porque ele assim quis, a garota começava a chegar a lugar nenhum apenas tentando fazer o que todos nos já tentamos algum dia: bate-papo online.
A escolha no nick demorou alguns segundos. Ela olhava fixamente para aquelas letrinhas que somos obrigados a decifrar e que jamais acertamos de primeira quando estamos com pressa, com sono, ou velhos. Ela era um pouco velha, dizia-se, animando; ora, antes era melhor ser um pouco do que muito. Resolveu escolher Era venenosa; não se sentiu julgada como esperava. Ao contrario das suas expectativas, ela sentiu-se rejeitada, e então reentrou várias vezes na mesma sala até algum homem de nome suficientemente charmoso a corterjar-se.
Decidiu então desviar sua atenção e preparar-se um macarrão instantâneo de galinha caipira. Seu apartamento era bastante desorganizado, e tudo em nome da arte. Ela gostava a ilusão de pensar que cada algo diferente geraria uma mudança no fluxo continuo do tempo ou então quaisquer outras palavras diferentes e chamativas que impressionassem aparentemente positivamente um alguém sem mente. Mas as pessoas logo se cansavam e então ela dizia que era apenas descuidada.
E Deus perguntava, por que, diabos, não posso fazê-la importar-se mais um pouco com a organização?
Imediatamente a mulher ruiva da qual falávamos a pouco, ainda sem nome completo definido – e aqui entra um pequeno comentário do diretor: seu nome terá a letra J. então assim a chamemos enquanto isso ainda é um arquivo dentro do computador imaginário de um deus que habita um livro inexistente – começa a perguntar-se o que Deus reticências e os três minutos do macarrão acabaram.
Era simples e saboroso.
Durante os outros três minutos em que o macarrão instantaneamente pulava do prato para a sua barriga, Jennie ou Jennifer, escutava sirenes de policia. Sem desviar a sua atenção das pequenas curvas disformes que seu alimento desenhava no prato, Jennie ou Jennifer perdia a bela imagem azul e vermelha que se desenha na janela atrás do seu computador. Ela perdia a grande oportunidade de escrever o seu próximo possível livro, sem nome ainda definido.
Ícaro Rabelo pause e pensa que apenas um nome seria suficiente para um sucesso. Um sucesso precisa do nome pra se vangloriar. E então voltamos ao principio de Jennie ou Jennifer, que era se perder.
Enquanto havia algum resto de comida no prato, deixado de lado para a anotação de idéias importantes para a boa harmonia da casa, Jennie ou Jennifer pensava em coisas absurdamente impensáveis, como, por exemplo, porque ela havia deixado de lado a caixa de fósforos com três palitos jamais acessos e retirado uma nova caixa com novos cem amiguinhos para acender o fogo sagrado do fogão. A historia começa exatamente do mesmo jeito que termina, antes haviam três palitos, e antes deles mais três... e ela sempre os descartava, como se fossem palitos utilizados. Não o eram. Jennie ou Jennifer se arrependia amargamente de não ter tido a idéia que estava passando na sua cabeça enquanto o macarrão enrolado gelava no abandonamento provinientes do seu mais alto nível de subjetividade permitido pela sindica do prédio, Geralda, que era uma vibora inteligente: por que não criar uma família e por os 3 fosforos juntos sos outros três que estarão por vir?
E então ela reclamava que a comida estava fria e a jogava no lixo.
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