segunda-feira, 9 de novembro de 2009

The present perfect

Seria a ocasião perfeita para fazer nascer uma poesia. Perfeito realmente seria se não fosse a minha incapacidade de rimar Fortaleza com Minas Gerais, ou quem sabe lá outras coisas piores. Uma poesia cairia muitíssimo bem, pois eu sei que ele a acharia bela. Poesia sempre me lembrou flores, e o Thiago adora flores. Talvez eu devesse escrever uma poesia sem rima alguma e entregar-lhe algumas flores. Seria este, o presente perfeito.
Infelizmente, não desejo entregar o presente perfeito. Sei que ele adoraria receber flores, porque afinal de contas, ele adora flores, mas tenho medo de errar na escolha ou não conseguir rimar outras palavras piores. Estou incapaz de rimar poemas com flores, seja lá quais forem.
Talvez, devesse escrever uma música. Mas sei que esse presente seria mais perfeito se viesse de outra pessoa. Não seria a ocasião lembra-lhe que o meu presente não é perfeito, apenas porque foi entregue por mim. Uma música sempre nasce de algum sentimento, e por ele, eu não sei o que sinto. Sei que sinto um Fá sustenido menor e um mísero Ré. Outra pessoa mais habilidosa, quem sabe, consiga encaixar as melhores notas e compor a melodia perfeita que eu quero tanto inventar.
Enfim, eu confesso: infelizmente não sou bom em presentear, pois sempre dou algo que quero ganhar.
Então talvez devesse ser a perfeita ocasião para um abraço apertado. Mesmo sendo, no fundo, no fundo, eu quem esteja sendo presenteado. Poderia ser um abraço casual; eu o esperaria por algum tempo ele sair de casa. Seria a ocasião perfeita para dizer qualquer coisa que estivesse presa por algum tempo.
Mas esse deveria ser o meu presente de aniversário, não o dele.
Pensei então, em lhe dizer que eu pensei nele ontem a noite, enquanto escovava os dentes. Seria engraçado, e talvez, quem sabe, quando ele fosse escovar os próprios dentes, se lembrasse de mim. O presente seria o seu próprio sorriso refletido no espelho. Seria válido, pois eu não o vejo sorrindo muito. Uma desculpa perfeita para ele sorrir de propósito para ele mesmo enquanto escovasse seus próprios dentes antes de dormir. Mesmo se não quisesse, seria bom para ele saber o quanto o sorriso dele é bonito.
Talvez devesse voltar às rimas, ou às flores, ou ao abraço, ou à música. Ou quem sabe, devesse juntar tudo e entregar, que valeria mais. Contudo, não tenho sequer uma caixa tão bela para por o presente perfeito. De nada adiantaria tem a perfeição em uma caixa de papelão surrada e riscada.
Cansado, desisto. Nada entregarei, com medo de errar.
Talvez eu só devesse dizer a ele que o amo. Não, eu não o amo de amor, eu o amo com afeto. Talvez nada entregar seja melhor; o tenho com amor, e isso é o melhor que posso sentir sem. Pode não ser realmente perfeito, mas pelo menos já tenho uma caixa para guardá-lo dentro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante, realmente interessante...

agradeço sua apreciação no meu blog e te convido a visitar o meu outro blog, o oficial(que tem textos realmente bons, nada daquilo pro povo sensacionalista comentar), curti muito teu estilo de dizer as coisas e me identifico em pontos específicos.

www.borradela.blogspot.com